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Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) em Animais: Evidências e Relevância Clínica

  • Foto do escritor: F.P
    F.P
  • 24 de jan.
  • 2 min de leitura

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), amplamente reconhecido em humanos, também afeta animais, especialmente aqueles expostos a eventos traumáticos. Embora o estudo do TEPT em animais seja uma área emergente, pesquisas científicas têm mostrado que muitas espécies, particularmente mamíferos, apresentam respostas emocionais e comportamentais semelhantes às observadas em humanos com TEPT.


De acordo com um estudo publicado no Journal of Veterinary Behavior (2020), cães resgatados de ambientes abusivos ou negligentes demonstram sinais consistentes de TEPT, como hipervigilância, resposta exacerbada ao estresse e comportamento evitativo. A pesquisa utilizou medidas comportamentais e fisiológicas, como níveis elevados de cortisol, para identificar o impacto do trauma nesses animais.


Além disso, pesquisas como a de McMillan et al. (2019) destacaram o impacto do TEPT em animais de produção e de laboratório. Por exemplo, animais submetidos a transporte prolongado, manipulação inadequada ou experimentos invasivos frequentemente apresentam sintomas que se alinham aos critérios do TEPT, incluindo mudanças comportamentais persistentes e dificuldade de recuperação emocional após o evento estressor.


Mecanismos Biológicos do TEPT em Animais

Assim como nos humanos, o TEPT em animais está associado a alterações no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) e no sistema nervoso simpático. Estudos mostraram que animais com histórico de trauma apresentam hiperatividade crônica do eixo HPA, resultando em níveis elevados de cortisol e aumento da frequência cardíaca em situações que remetem ao trauma.


Uma pesquisa conduzida por Hennessy et al. (2018) explorou o impacto do isolamento precoce em filhotes de cães e sua relação com o desenvolvimento de respostas anormais ao estresse. Os resultados indicaram que o trauma psicológico precoce pode levar a alterações duradouras na plasticidade neural, dificultando a adaptação emocional e social em fases posteriores da vida.


Implicações Clínicas e Terapêuticas

O manejo do TEPT em animais requer intervenções que combinem abordagens comportamentais e, em alguns casos, farmacológicas. Terapias como a dessensibilização sistemática e o uso de medicamentos ansiolíticos têm mostrado eficácia em reduzir os sintomas em cães e cavalos, segundo estudos revisados por Overall (2021). Além disso, a criação de ambientes estáveis e enriquecidos desempenha um papel essencial na recuperação desses animais.


Conclusão

O estudo do TEPT em animais não só aprofunda nossa compreensão das respostas emocionais nas espécies não humanas, mas também reforça a necessidade de práticas éticas e empáticas no manejo e cuidado dos animais. Pesquisas contínuas nessa área são cruciais para desenvolver estratégias terapêuticas que promovam o bem-estar e a saúde emocional desses seres.


Referências:


1. McMillan, F. D. et al. (2019). Behavioral indicators of psychological trauma in animals. Journal of Veterinary Behavior.



2. Hennessy, M. B., et al. (2018). Early stress and its consequences on animal behavior and welfare. Animal Cognition.



3. Overall, K. L. (2021). Behavioral medicine approaches for trauma in animals. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice.



4. Journal of Veterinary Behavior (2020). Post-traumatic stress in shelter animals: a review of behavior and physiology.

 
 
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